light gazing, ışığa bakmak

Saturday, August 12, 2017

ena! 2: Clash de Mohamed Diab, Eshtebak

quando se passa tanto tempo longe da sala escura, qualquer filme que venha parece extraordinário. essa sensação já a tive algumas vezes e estou com receio de ser este o caso. que excelente filme, uma epopeia em espaço fechado, um microcosmo a representar a humanidade.

aqui no guardian.

outro filme claustrofóbico que vi foi, julgo, Lebanon, todo filmado dentro de um tanque. mas julgo que essa ideia tem uma longa história. ainda no outro dia me lembrei do Deserto dos Tártaros, para além de todos os filmes de trincheiras.

esta história não é de guerra, mas de paz. é a história de todos os conflitos através do microcosmo controlado do veículo-prisão que é dentro mas de onde se vê ´fora' de um ponto de vista privilegiado. as mulheres, como habitual, são poucas mas absolutamente excepcionais e concentram nas aparentes frágeis personagens a força de vários cataclismos. já divago.

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a história: durante os 3 dias de tomada do poder à Irmandade Islâmica no Egipto, subida ao poder pelo voto, viveram-se tempos difíceis de manifestações, violência, Clashes entre a polícia e os militares e a Irmandade Islâmica, um país dividido ao meio. o filme relata um desses dias dentro de um veículo de detenção. as primeiras pessoas a serem detidas são dois jornalistas. segue-se um grupo de pessoas que se estavam a manifestar a favor do exército. depois um grupo de pessoas da Irmandade Islâmica e finalmente um polícia. perante o perigo, perante o que se passa lá fora (e o carro assume-se como um local privilegiado de onde se assiste mas também se vive este dia extraordinário), uma estranha coisa acontece: o grupo une-se nas suas enormes diferenças e o que era ódio torna-se empatia. que enorme missão para um filme político e de acção, uma missão conseguida e pela qual me apetece agradecer. recomendo vivamente.


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