light gazing, ışığa bakmak

Sunday, April 19, 2015

a mulher que morreu duas vezes

a minha admiração por Nina Hoss não termina.


não sei se vem carregado de prémios. habituada a salas vazias foi com espanto que dou com uma fila até às caixas para entrar em Phoenix (fénix renascida), esse filme de descer aos infernos e nunca mais regressar. conseguir ser a imagem da imagem numa perfeita representação dos espelhos, a contenção e a intensidade do olhar de Nelly fala por todo um século de carnificina e amoralidade. não foram só os campos mas o depois dos campos, a destruição pelos salvadores (aqui no vermelho inferno de Phoenix, os corruptores) e o silêncio das testemunhas. Nelly é a mulher que morre duas vezes, a primeira no campo, a segunda morta pelo marido que lhe apaga a esperança e a identidade, mas que também resiste duas vezes, salva por si própria. o que resta depois da resistência é uma questão de difícil resposta. nada ou sinais, alguns objectos, algumas imagens, impressões (Sebald). imagens e sentimentos fantasmagóricos de cidades inteiras desaparecidas.
as cores de Phoenix são as mesmas cores de Blaufuks, talvez o holocausto tenha a sua própria paleta visual. um filme perfeito, inesquecível, violentamente brutal.


PHOENIX (2014) by Christian Petzold – Trailer from Richard Lormand on Vimeo.

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