light gazing, ışığa bakmak

Monday, May 5, 2014

"Era como se descesse uma montanha imaginando que a subia."

"Ivan Ilytch's life had been most simple and most ordinary and therefore most terrible."
Tolstoi em A morte de Ivan Ilitch.



"(...) a morte de Ivan Ilitch é (...) o retrato implacável da nossa condição: não há sentimento que nele não figure, não há emoção que não esteja presente. Tudo o que somos se acha em poucas páginas, escrito de uma forma magistral. Li-as, maravilhado, umas vinte ou trinta vezes, continuarei a lê-las, maravilhado, até ao fim dos meus dias. Maravilhado, exaltado, comovido, a perguntar-me como é que ele conseguiu. E conseguiu. Reparem no que Tolstoi faz com as palavras e como nos retrata, de corpo inteiro, no mais íntimo de nós mesmos."
António Lobo Antunes sobre A morte de Ivan Ilitch.


[Lobo Antunes diz que todos os sentimentos estão lá, mas claramente é um modo de dizer. a Ilitch faltou o primeiro dos sentimentos, aquele que justifica a humanidade, o amor, entendido no seu sentido mais vasto (à maneira mística cristã, à maneira muçulmana, à maneira oriental - o princípio de todas as religiões - a rendição e a oferta, sentimento do qual o amor amoroso faz parte.) Tolstoi é o mais coerente autor que já li, as suas ideias são as mais concretas, mais justificadas, mais sólidas, o seu pensamento e o seu modo de ser, de viver, são uma totalidade e mantêm-se ao longo da vida, ou seja, ao longo da escrita. peasants e o amor, toda uma mundivisão. um Ilitch sem este sentimento pergunta-se bem: para quê? esta é uma história de reconhecimento da necessidade de redenção. também é uma história de muitas outras coisas mas, acima de tudo, é uma obra prima, uma das mais perfeitas obras de sempre.]


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