light gazing, ışığa bakmak

Sunday, September 3, 2017

A Festa, teatro imersivo

não jogo, ou seja, não sou gamer, mas como qualquer mãe estou familiarizada com o hábito e o entusiasmo. esta actividade que nos passa ao lado, nós com raízes analógicas, imaginamos com alguma dificuldade e também curiosidade como será o futuro entregue à nova geração. (que para além de gamers conhecem best sellers e não os clássicos, um estado das coisas promovido pelos próprios programas de português). já divago.
A Festa é o teatro em modo gamer, imersível e 3D e, ao contrário dos jogos que não me conquistam, rendi-me às possibilidades deste tipo de espectáculo. a ideia não é nova nem sequer recente. tenho na memória, para sempre, os descobrimentos como os vi na Comuna há quase 40 anos num espectáculo que deve ter sido fundamental para o meu gosto pela bela arte performativa. a história do teatro participativo é longa, basta pensar no actos dos palhaços no circo, essa forma ancestral de representação. A Festa, teatro imersível, não é participativo pois o público não participa mas apenas assiste. a diferença consiste no espaço de representação que se alarga do palco para um palácio inteiro, neste caso o maravilhoso edifício em Belas, o palácio . que jóia, que jóias temos escondidas em lugares inesperados.
o incrível alargamento do espaço para um corredor central e cerca de 10 divisões da casa tém impacto na estrutura da acção, que tem de ser repetida para garantir que os espectadores, a navegar a história conforme dinâmicas de grupo interessantes, e de acordo com as pistas manipuladora dos actores - gritos, estrondos, tiros. aliás, o espectáculo é sexualmente interessante pois coloca quem assiste num lugar de voyeur, com a tensão física consequente, em particular na cena que se desenrola por entre os lençóis de um estendal (o meu querido Giornata Particolare). o texto é praticamente inexistente. a penumbra, o mistério, a violência física que sempre me maravilha no teatro, tudo contribui para me lembrar o Blue Velvet ou qualquer espaço de David Lynch. o som não aborrece nem interfere, tal como a luz, mas contribui. os vários cenários são muito bonitos e sempre, diria eu, cinematográficos, com imagens icónicas. será interessante comparar este tipo de teatro, imersivo, e a sua história recente, em relação ao cinema. gostava de ver mais e mais longe. as possibilidades fazem a imaginação voar.
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acrescentarei detalhes mais tarde e espero corrigir erros de escrita num telefone de parcas polegadas.

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