light gazing, ışığa bakmak

Saturday, August 12, 2017

ena!

o ena! é por ter finalmente ido ao cinema (e não de vestido florido, malinha, sorriso meloso) mas preto e jeans, as pernas enroladas para cima numa sala pequena com uma dúzia de pessoas, metade delas gente desagarrada e estranha como eu, a outra metade velhas de Lisboa perdidas que entram na 'matiné' sem saber o que se vai passar para depois saírem a um terço do filme ou enxofradas ou com falta de ar.

engraçado que falando recentemente com um marujo me lembrei de como eu era, mas sobretudo de como já não sou. também fui western'ocentric com todos os cool associados mas entretanto eu sim ia falar da divisão de águas, dar o meu palpite, mandar umas piadas, deixar os convivas a rir e a lembrar os outros tempos em que tudo era diferente. deve ter sido frente à mesquita nova, perto das sanguessugas e não longe das lojas de tecidos, que me pulverizei em outras coisas e, tal como em Pamuk, começou a minha yeni hayat - já sem centro, a história desfeita, os princípios perdidos em movimento como a areia do Guincho. ultimamente instalou-se sobre esta devassa outra ainda sobre a qual só falo - coloco na mesa luminosa - para a conhecer melhor porque me é tão estranha. e assim numa frase longa tentei imitar a geração de pessoas nas pregas do tecido das frases de Gogol e consegui. mas este conto tem apenas um acesso autorizado, o meu e aposto que durante pouco tempo pois as marés de memória transportam-me os areais para outras bandas muito amiúde.


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