light gazing, ışığa bakmak

Sunday, July 14, 2013

'post tenebras lux'

antes de mais: spring onions and cherry tomatoes soufflé. agora que o bragging está feito--

chego a pensar que tudo tem a ver com luz em Reygadas, mas esta luz não se limita a cair sobre o mundo, esta luz tem bem e mal, deus e o diabo, o sagrado e o profano, o certo e o errado. a escuridão do mal, a luz do bem e da verdade. posso não me identificar mesmo nada com isto, mas há uma imensa parte deste filme luminoso em que me encontro.

o artifício da imagem é muito parecido com o tiltshift, uma espécie de batota de três dimensões, focar o centro, escurecer e desfocar as margens da imagem, uma tunnel vision que se adapta perfeitamente à poderosa cena inicial. assim vêem as crianças, tão cheias de luz elas como os animais que as rodeiam. falam a mesma linguagem, a linguagem pré-razão, o impulso primordial, viver. nas palavras díspares da criança se desenha o princípio do mundo humano, inesquecível cena. o homem é, ah como aqui me revejo nisto, o desvio do maravilhoso (the wonder) mundo natural. o pecado está dentro da cabeça, o pecado está na maçã, como sempre esteve. de certo modo, é assim que acabei por ver também.

algumas cenas são inverosímeis e exageradas, mas que importa que alguém tire a sua própria cabeça: que outra morte poderia ser senão essa de retirar precisamente a fonte de todo o mal.

o processo narrativo ou os processos narrativos são-me muito familiares: saltos no tempo, mundo real, mundo imaginado, mundo recordado, diferentes pontos de vista de várias pessoas, diferentes perspectivas de olhar, pistas mais do que histórias, sensações.

imagens pessoais de Reygadas, fragmentos da sua vida como do méxico. para rever.

aqui no ny times.





(uma coisa que eu não sabia mas que faz sentido: "He is teaching at a film school run by the equally challenging Hungarian director Bela Tarr in Sarajevo." daqui.  and here too.





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